segunda-feira, 5 de novembro de 2012

ENFIM DESCANSOU...



Já se passaram 115 dias desde que minha mãe faleceu,  no leito 17 da enfermaria 103, do HOSPITAL ALDENORA BELLO. dia 13 de julho de 2012.
Aquela foi uma semana difícil para nós filhos, pois além de termos que lidar com a dor de estarmos perdendo a nossa mãe, tínhamos que lidar também, com as críticas dos parentes, que acham até hoje, que abandonamos nossa mãe, à sua própria sorte.
Minha mãe sempre foi uma mulher de personalidade muito forte, dominadora, quando ela queria, ela sabia ser muito dura.
E a doença, ( ela passou os últimos 08 anos lutando contra um câncer no reto), bom, a doença, a deixou mais rancorosa, culpava-nos por essa doença, culpava nosso pai, culpava a todos, ela queria nos fazer sofrer mais do já estávamos sofrendo, chegamos até a pensar que a vida dura de ter criado 09 filhos sozinha, poderia ter contribuído para a doença, então estávamos nos sentindo culpados mesmo. Mas, uma visita ao seu proctologista nos aliviou, ele nos contou que 15 anos antes avisara a ela que ela deveria usar uma bolsa de colostomia, para descansar o canal do reto e assim cicatrizar pequena rachaduras no mesmo, mas ela por vaidade declarou ao médico: "EU MESMA NÃO VOU ANDAR POR AÍ COM UMA BOLSA DE COCÔ NA CINTURA", e nunca mais voltou ao médico, retornando só em 2004, época do primeiro diagnóstico, sendo que então, ela iria usar a bolsa de colostomia PARA O RESTO DE SUA VIDA.
Minha mãe era assim, ela tomava as decisões e pronto! não importava as consequências, a doença a endureceu mais ainda, mas ela tinha o talento de manipular os sentimentos das pessoas usando sua doença, ela fez isso no início pra jogar um irmão contra o outro, nós brigamos muito entre nós, mais terrível que brigar foi descobrir que ela fazia isso com prazer, é horrível pra você que está lendo isso, mas é a pura verdade.
Com muita conversa entre nós AS IRMÃS, detectamos isso na nossa mãe, então, já sabendo dessa faceta, paramos de brigar e nos unimos tentando entender o porque dela fazer isso.
Mas nossos irmãos, por serem caminhoneiros passavam muito tempo viajando, só ficando na cidade esporadicamente, o que pra ela era um prato cheio, nossas cunhadas eram nossas aliadas, por milhões de vezes apaziguaram as brigas entre nós irmãs com os irmãos, sempre dizendo a eles A HISTÓRIA NÃO É BEM ESSA,  DONA RAIMUNDA ESTÁ EXAGERANDO. brigamos muito, mas muito mesmo com eles para que eles tentassem ver o nosso lado da história, com um, conseguimos reverter o mal entendido, mas perdemos o outro irmão, desde a morte dela, ele nunca mais ligou, nem apareceu, também acha que nós a abandonamos para morrer sozinha.
Houve também muitos desentendimentos entre os irmãos dela, os filhos dos irmãos dela, eles todos nos odeiam, somos as piores filhas do mundo... isso dói, mas dói bem menos do que perder o amor daquele irmão.
Naquela semana que antecedeu ao 13 de julho, ela mudou bastante, sentiu que a morte se aproximava, pediu perdão para todas nós, uma a uma, cada uma do seu jeito, mas o mal entendido entre a família dela e nós irmãs, bem, esse não deu tempo dela desfazer.
Ela nunca foi uma pessoa fácil de lidar, mas era nossa mãe, e nós a amávamos muito, foram anos difíceis pra gente, pra mim em particular, eu e ela éramos muito parecidas, o que fazia com que nós duas brigássemos com mais frequência.
Eu era quem conseguia enfrentá-la e na ausência dos meus irmãos mais velhos, era a mim ela ouvia (obedecia) um pouco mais, então quando algo acontecia, era pra mim que as minhas irmãs reclamavam, e era eu que ia  até ela "ralhar" com ela...
Com isso, eu era a que mais ficava brigada com ela, também me tornei o alvo das críticas e ódio das tias e primos.
Naquela semana que antecedeu sua morte, FIZEMOS as pazes, pedimos perdão uma a outra, mas aí, ela se foi.
Minha mãe sempre dizia que tinha medo de, por causa da doença, "morrer fedendo e gritando de dor", me lembro que um dia desses, quando ela já não estava mais falando, eu cochichei no ouvido dela: "MÃE, NÃO SE PREOCUPE, A SENHORA NÃO ESTÁ FEDENDO, PELO CONTRÁRIO, ESTÁ BEM CHEIROSA, E NÃO VAMOS PERMITIR QUE SINTA DOR DE JEITO NENHUM".
Eu fiquei naquela noite com a minha irmã, ao lado da cama dela, às 19hs ela entrou em agonia, colocaram a máscara de oxigênio, minha irmã chorava copiosamente, eu tentava me manter calma, seria necessário a qualquer momento. Os outros irmão montaram campana na casa do caçula perto do hospital...
Eram 23:10hs, quando minha irmã me chamou: ELA TÁ MORRENDO!, eu que estava cochilando na cadeira com a cabeça recostada na cama, espertei, me levantei e liguei a luz do quarto, ainda vi ela dá o ultimo suspiro e fechou os olhos...
Fui eu que deu os telefonemas chamando meus irmãos, depois, tudo foi se desenrolando, não tive tempo de chorar, nem no velório nem no enterro...
Mas em casa, nos braços de minhas filhas eu choro, choro muito, de saudades, de remorsos, me questiono se fui ou não boa filha, se sou ou não uma boa mãe... ainda sinto o cheiro dos cabelos dela, ainda lembro do cheiro bom de mãe que ela exalava, se errei, agora não tem mais jeito, ela se foi, as vezes acho que ela só está viajando e que a qualquer momento vai ligar dizendo VOLTEI!...
Mas ela não vai voltar... devo me acostumar com isso...
115 dias sem ela, tem dia que dói mais, tem dia que dói menos, mas TODO dia dói.
bjs.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

UM DIA LINDO...

Esse hino fala muito ao meu coração...
espero que fale ao seu também... 


UM DIA LINDO ALMEJO ENCONTRAR,
A ETERNA GLÓRIA QUE PROMETIDA ESTÁ,
GOZO E ALEGRIA POSSA ENTÃO EU SENTIR,
POIS JESUS CRISTO JÁ ESTÁ POR VIR...
JESUS VIRÁ,
OUTRA VEZ AQUI,
JESUS VIRÁ,
MAIS OUTRA VEZ AQUI,
POR ISSO TODOS JUNTOS
EM UM SÓ LOUVOR CANTEMOS,
CANTEMOS TODOS,
ELE É O NOSSO SENHOR!
ELE VEIO AO MUNDO PRA SER O REI DA PAZ,
ELE FOI TENTADO E NÃO PECOU JAMAIS,
A SUA VIDA FOI EXEMPLO DE AMOR,
POR ISSO EU CANTO E É O NOSSO SENHOR.
JESUS VIRÁ,
OUTRA VEZ AQUI,
JESUS VIRÁ,
MAIS OUTRA VEZ AQUI,
POR ISSO TODOS JUNTOS,
EM UM SÓ LOUVOR CANTEMOS,
CANTEMOS TODOS,
ELE É O NOSSO SENHOR!

Que Deus abençoe vocês, bjs  até a próxima...

sábado, 14 de janeiro de 2012

AMIZADE E INOCÊNCIA...



Ontem a noite eu observava minha filha caçula brincar com a prima da mesma idade, ambas com 10 anos. Fiquei imaginando o que tanto conversam, eram muitos risos, gritinhos, e mais risos.
De madrugada acordei me lembrando que em 1981 tinha uma amiga, que tinha a minha idade, 11 anos, o nome dela era Angela, nossas mães eram colegas de serviço e quando nos mudamos para o mesmo bairro que elas e fui matriculada na mesma escola, ficamos na mesma sala, no turno da manhã, na saída conversando e indo na mesma direção foi que descobrimos as coincidencias, as afinidades nos uniram e a amizade foi certeira, íamos juntas, sentávamos juntas na sala, voltávamos juntas, Angela era tímida, mas muito inteligente, entendia com facilidade as aulas de matemática e me ajudava a compreende-las.
Mas a nossa escola não era perto de casa, então as vezes, o pai dela dava dinheiro pra ela ir de onibus,  algumas vezes ela pagava a minha passagem, outras vezes não.
nos despedimos nesse dia e ela perguntou se eu queria ir de onibus com ela no outro dia, eu disse que não por que teria que ir em algum lugar antes da aula, então no dia seguinte quando cheguei na aula ela não estava, eu estranhei por que ela nunca faltava, cheguei em casa tomei um banho e almoçei, pensei, mais tarde levo as atividades pra ela, depois do almoço me deitei.
Não tinha muito tempo que estava deitada e o irmão de Angela chegou lá em casa procurando por minha mãe.  _ D.RaimundA, mamãe pediu pra senhora ir tirar o plantão dela por que minha irmã Angela está no hospital internada.
Eu ouví mas, inocente, concluí que seria alguma gripe ou coisa assim.
Anoiteceu e minha mãe já se arrumava para ir dar o plantão para amiga, quando o mesmo menino chegou chorando lá em casa. _ D. Raimunda, mamãe mandou avisar que minha irmã Angela morreu. Ele saiu correndo logo em seguida, ela já estava na hora de ir pra maternidade onde trabalhava, ela só me olhou e disse pra eu ir me deitar, que no outro dia deixaria eu ir ao enterro.
Fui me deitar com um turbilhão de conflitos na cabeça, como ela morreu se nos falamos ontem? não acreditava, então nem chorei.
Na manhã seguinte mamãe chegou do plantão, foi até suas roseiras e colheu todas, não deixou nenhuma no pé, e ela sempre teve muito ciumes dessas roseiras, arrumou tudo em uma bandeja, mandou eu me arrumar e me mandou ir para o enterro de Angela. Quando cheguei lá a irmã mais velha dela me levou até a mãe, que me abraçou chorando muito, e repetia, ''nossa Angela se foi'', entreguei as rosas que mamãe mandou e fui olhar a minha amiga no caixão, ela vestia seu vestido branco da primeira comunhão, cerimônia tradicional católica, tinha um véu e tudo mais, parecia uma noiva, eu achei a visão mais linda que já tinha visto nesses meus 11 anos.
Lá fiquei sabendo o que acontecera, ela estava no onibus indo para a escola quando começou a sentir uma dor de cabeça, começou a gritar, gritar, e desmaiou, ela estava tendo um A.V.C.(Acidente Vascular Cerebral) na época conhecido por ''derrame cerebral'', o motorista do onibus mandou todos que quisessem descer, então ele foi direto para o hospital, mas ela já estava em coma e não resistiu...
Nunca esquecí dessa amiga, hoje não lembro mais do seu rosto, mas ficou a figura angelical dela no caixão, que guardo com carinho no coração.
Na época questionava a mim mesma ''porque voce não estava lá com ela?'', hoje agradeço a DEUS por não estar lá com ela na hora de sua crise, pois assim poderia gravar na lembrança apenas seu rostinho angelical....
Beijos e até a próxima.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

COMEÇOU A CHOVER...

Hoje a tarde está nublada, até choveu um pouco, meu coração ficou logo apreensivo, começei a lembrar o que aconteceu no inverno passado, quando a chuva foi tão forte que alagou a rua e logo a água entrou em casa.
Eu ainda estava convalescendo do acidente, as meninas estavam em casa comigo, Graças a Deus, pois sozinha não teria conseguido suspender os eletros da cozinha, mas mesmo assim perdi o guarda roupas, a cômoda e uma cama, vão os anéis e ficam os dedos...
Ainda me lembro do pânico que ''lady day'', a minha cadela pastor alemão, ficou, coloquei ela na corrente e Amanda, minha caçula, a segurava em cima do sofá, mas conforme a água ia entrando em casa ela chorava e tremia, pobrezinha...
Eu por minha vez, orava e pedia pra Deus fazer parar de chover, pois era a única coisa que poderia fazer naquele momento. A chuva parou sim, mas a água demorou um pouco mais para escoar, foi uma noite bem difícil.
Mas graças a Deus, as autoridades lembraram da gente e já estão fazendo a terraplanagem da rua pra colocar o asfalto.
Não sei se isso vai resolver o problema do córrego, que sempre que chove muito, transborda e invade as casas, o pessoal da rua está otimista, que, com o asfaltamento da rua a água vai ter uma vazão maior e mais rápida.
Em todo caso, vou fazer umas orações pedindo pra Deus acampar alguns anjos a mais ao redor das casas do Povo Dele que mora neste bairro...rsrs. Amém.
E vocês, orem por nós também.
Até a próxima, Bjs.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Mestre, chegou a bonança!



O Hino 254, SOSSEGAI, do Hinário Presbiteriano, foi um companheiro muito constante na minha travessia pelo meu ''VALE DE BACA''.
No primeiro verso ele conta as minhas aflições durante as provações, eu estava em sofrimentos, muitos medos, até questionei; Como podes o meu Deus não se manifestar nesta minha aflição?
No segundo verso eu me vejo em tristezas, chorei muito durante esse ano que se passou. Primeiro sofri um acidente que me deixou com dificuldades para andar, com a enfermidade, não pude completar minha renda como antes, o que me levou a depender da ajuda de irmãos, pessoas maravilhosas a quem serei eternamente grata, perdi uma questão na justiça que já dava como ganha, durante o inverno entrou água em minha casa, perdi móveis, a água prejudicou a estrutura da casa, e o mais doloroso... perdi um amigo, alguém que amava demais, foi vencido pelas artimanhas do ''inimigo'', esse fato me deixou fragilizada espiritualmente, e como no segundo verso, clamei a Deus para que não demorasse a vir me valer, que não demorasse a vir me acudir.
Mas nosso Deus é tremendo! Ele me provou que nesse ultimo ano nunca me abandonou, eu apenas estava sendo moldada, o oleiro estava refazendo o vaso com defeito, o jardineiro estava podando a árvore, para que desse bons frutos... Exatamente como Ele diz no refrão...
''As ondas atendem ao meu mandar: sossegai!
Seja o encapelado mar,
A ira dos homens, o gênio do mal;
Tais águas não podem a nau tragar,
Que leva o Senhor, Rei do céu e mar!
Pois todos ouvem ao meu mandar:
Sossegai! Sossegai!
Convosco estou para vos salvar; Sossegai!''

Agora amados leitores, anseio pelo dia em que cantarei a ultima estrofe desse belo hino, onde verei a bonança, onde a tempestade outrora feroz agora é só brisa, meu coração em paz com a certeza que nunca fui abandonada por meu Pai, e que firme nas promessas de Deus, alcançarei o outro lado do vale de baca, seguro, em paz, pois o meu Pai é o Rei de todos os reis, o dono da terra e do céu.
Esse é a situação que me encontro agora, fiz uma cirurgia de reconstrução dos ligamentos do joelho, estou na fase da fisioterapia, em breve estarei nova em folha, pois a obra não pode parar, mas a PAZ que mora em meu coração me dá a certeza que essa tempestade passou, que é uma questão de tempo para voltar a desempenhar meu papel de ceifeiro na seara santa...
Bom queridos, por hoje é só.
Bjs. Até a próxima.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Estou voltando.....

ELA VOLTOU.... A BLOGUEIRA VOLTOU NOVAMENTE... 
Rsrs, não é o boêmio não, sou eu mesma, por motivos que vou esclarecer a vocês nas próximas postagens, tive que me afastar, infelizmente não deu nem pra dizer tchau, mas a volta é certa e acreditem, tenho muitas novas ''velhas'' histórias pra compartilhar com vocês...
Me aguardem queridos leitores, logo, logo, estarei na ativa...
Bjs. 

terça-feira, 21 de junho de 2011

EU ACUSO

Este texto foi lido ontem pelo Ten.Cel.PMMA José de Ribamar Pereira Silva Filho, Coordenador Estadual do PROERD [Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência] no culto de formatura do Proerd, em que minha Amandinha de formou.  




J’ACUSE !!!
(Eu acuso !)
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)
“Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.”
(Émile Zola)
“Meu dever é falar, não quero ser cúmplice.”
(Émile Zola)

 professor Kássio Vinícius Castro Gomes

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).


A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.


O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhos, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e  imperativo de convivência supostamente democrática.


No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...  


E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”

Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente
...


Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:





EU ACUSO



EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;


EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;


EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;


EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;


EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;


EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;


EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;


EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam  analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;


EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;


EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;


EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito;  


EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;  


EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição. 


EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;  

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.  


Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”[o próximo].  


A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. 


O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”  


Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. 
A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. 


É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. 



A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.





Moral da História, as boas e velhas palmadas na hora que seu filhinho fizer algo errado, vai ensinar a ele que quando ele estiver na universidade ele não deve esfaquear o professor dele, porque lhe deu notas baixas.

Ensina a criança no caminho em que deve andar,
e, ainda quando for velho,
não se desviará dele.
PROVÉRBIOS 22:6

A estultícia está ligada ao coração da criança,
mas a vara da disciplina a afastará dela.
PROVÉRBIOS 22:15


A disciplina com a vara não matará a criança,
Muito pelo contrário.
Poupará a sua vida de uma morte Prematura.
PROVÉRBIOS 23:13 [interpretação do texto]

Bem amados, que o texto traga edificação para você e sua família.
Bjs.