terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma Nordestina no Rio Grande do Sul...

No verão de 1991, tinha uns vinte anos, morava em Porto Alegre e por causa do plano Collor eu, assim como milhares de Brasileiros, estava desempregada, então minha ex-chefe de setor, que aqui chamarei de Gladz, me pediu que acompanhasse seus filhos menores de idade, em sua casa de praia durante o verão, a casa era pequena, confortável, fica na praia de Cidreira, uma das mais belas do RS.
Já tinha mais ou menos 02 anos que não ia a uma praia, então me sentia no paraíso, estava louca de saudades das praias maranhenses, acordava já a carater, de biquini; a casa ficava a duas quadras da praia então bastava andar cem metros e lá estava o mar, lindo e maravilhoso.
O mês de janeiro se passou. De manhã praia, a tarde praia, e à noite os meninos que eu "cuidava", o que era desnecessário porque eram adolescentes super responsáveis, eles faziam pequenas reuniões para os amigos que haviam feito ou que reencontraram do verão passado e eu apenas observava, as vezes me sentindo a "velha" da casa, atravessava a rua e me sentava na calçada.
Chegado o mês de fevereiro a casa encheu, eram amigos de Gladz, pessoais ou do escritório, tudo era festa, tinha colchonetes espalhados por toda parte, a casa nunca ficava vazia, sempre tinha alguem cozinhando alguma coisa, parecia a casa do "BBB", e eu lá, uniformizada de roupa de praia, estava bom demais, passava o dia jogando volei ou passeando na praia.
Os jovens da casa se prepararam para o carnaval, compramos ingressos para o clube mais badalado e caro da cidade, nós meninas fomos às compras, short's e blusas para compor o visual, eu estava negra, meu bronzeado estava de dar inveja às amigas gaúchas, elas todas branquinhas, loirinhas, eu estava arrasando!
Como todos os dias, na sexta de carnaval levantamos e já fomos para a praia, qd eu voltei ao meio dia, sentia uma sêde fora do comum e muito calor, só não voltei para a praia depois do almoço porque tinha que lavar minhas roupas, o que acalmou um pouco o calor que sentia.
A noite chegou, era um alvoroço só, as meninas se maquiando os rapazes se arrumando, eu não precisei me maquiar, minha cor era tudo; estava me sentindo um pouco cansada, mas nada me faria desistir do grande baile (ou quase nada).
Passamos quase uma hora na fila pra entrar no clube, mas conseguimos entrar, a banda era maravilhosa, a decoração estava linda, mas minha cabeça estava quase explodindo, estava ensopada de suor, meu cabelo estava grudado na cabeça como se tivesse jogado um balde d'agua em cima de mim, já passava de meia noite eu decidí sair, meus amigos se preocuparam, mas eu os tranquilizei, disse que iria pra casa.
Quando saí do clube, que o vento bateu em mim sentí frio e percebí que devia estar com febre, começei a andar na direção de casa, mas minha cabeça doía muito, teve uma hora que sentí vontade de vomitar, foi então que um carro da Brigada Militar(PM do RS) parou perto de mim e os Brigadianos me deram uma carona até em casa, em outra ocasião ter a atenção de brigadianos só pra mim, seria a glória, mas eu estava me sentindo muito mal, nem olhei a cara deles, além do que eles deviam estar achando que eu estava bêbada. Em casa Gladz estranhou minha volta, mas me deu um remédio pra dor e enjôo, eu tomei um banho e fui dormir.
Na manhã seguinte, eu abrí os olhos, mas estava tão cansada que resolví ficar deitada, eu ouvia as vozes do lado de fora do quarto mas não conseguia me levantar, foi então que ouví a voz de Gladz perguntando por mim, ela entrou no quarto e qd me olhou quase teve um treco, eu estava totalmente inchada, vermelha, eu estava com insolação! Fui levada as pressas ao hospital de "turistas",(lá no RS, nas cidades praianas eles têm hospitais para turistas que exageram) agora imaginem vocês, uma nordestina acostumada ao sol desde que nasceu, foi ter insolação lá no Sul, que vergonha!
Passei o dia internada tomando soro para reihidratar, qd saí do hospital à tarde, a recomendação do médico era repouso absoluto, acabou carnaval, acabou praia, não podia ter nem uma exposição ao sol, teria que usar mangas compridas e boné qd saisse ao sol, parecia uma "ET", então nem preciso dizer que não saia de casa por nada, né?...rsrsrs.
E foi assim que uma nordestina, uma "RATA" de praia foi pegar insolação no RS.
bjs.








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