sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Óh! e agora? Quem poderá me defender?...Meus Heróis...

Hoje de manhã tive uma surpresa super agradável, meu primo Riba me ligou pra desejar Feliz ano novo e pra falar de suas conquistas, depois de muitas tribulações que ele passou, fiquei muito feliz, e acabei me lembrando de um episódio da minha infancia.
Eu era pequena, morava na casa da Cohab, minha mãe já tinha ido pra São Paulo e minha tia caçula ajudava a cuidar da gente, eu tinha uns cinco anos, era muito sapeca, estava brincava com minha prima Ciele, e numa dessas corridas, parei sem avisar e Ciele esbarrou em mim, eu caí e batí com o rosto na quina do terraço, sentí uma dor horrível e fiquei lá, ouví minha Tia dizer_Levanta Prêta..._ (rsrs...esse era meu apelido, prêta) mas eu estava sentindo algo quente no meu rosto, levei a mão onde doía e quando olhei, era sangue, minha prima começou a gritar e eu também, minha tia correu assustada na nossa direção e só lembro dela dizer_Meu Deus! Meu Deus!_ minha irmã mais velha saiu do quarto e veio até nós, ela mandou minha irmã ir chamar meu irmão "divino"(era o apelido dele) no colégio, aquele da caixa d'agua no topo da av.14 na cohab, enquanto isso ela tirou minha blusa e colocou em cima do ferimento, me deu um banho rápido e vestiu outra roupa, não demorou muito meu irmão chegou e com ele meu primo Riba, eles estudavam no mesmo colégio, minha tia mandou eles me levarem na farmácia do Dr.Leopoldo, ele era farmaceutico mas era como se fosse o médico particular daquela comunidade, todo "primeiro socorro" passava antes por ele, depois que ele encaminhava para outro lugar, a farmácia dele era perto do Superm. Lusitana, hoje Super Bom Preço.
Bom, eu lembro que meu irmão e meu primo desceram aquela avenida comigo no colo, e revesavam entre sí, porque eu era pequena mas, sempre fui "cheínha" rsrs, as pessoas olhavam compadecidos para os dois garotos carregando aquela menininha toda ensanguentada, e eu me enchia de orgulho, meus heróis, estavam me salvando, meu irmão já era meu herói, e agora eu tinha mais um, meu primo Riba, sabe aquele primo que implica com os menores até os pequenos chorarem? pois é, ele era muito bom nisso e eu era um de seus alvos principais, mas naquele dia...ele era meu herói, quase nem sentia mais aquela dor horrível e o sangue que não parava...
Bom lembro ainda que eles acharam uma moedinha no chão e no caminho compraram um bolinho chamado "mãe benta" pra ver se eu parava de chorar mas, pouco adiantava, eu já era muito chorona sem motivo, imagine então com um bom motivo.
Na farmácia o Dr.Leopoldo fez um curativo e disse que alguém teria que me levar ao hospital pois o corte no rosto levaria uns 04 pontos; levou mesmo e ficou a marca.
Logo chegou um adulto da minha família que me levou pro bendito hospital....
Mas eu nunca esquecí dos meus heróis...eles cresceram e ainda são muito importantes na minha vida e com certeza são os heróis da renca de filhos que tiveram...rsrs.
bjs.











terça-feira, 28 de dezembro de 2010

"Uma tia que era uma mãe!"

Outro dia falei pra voces da minha tia Fafá, quando minha mãe viajou pra São Paulo, meu vôzinho me levou pra ficar com ela no interior do Estado, na nossa cidade natal São Bento, eu chorava muito a falta de minha mãe e minha tia era todo carinho, me enchia de mimos. 
Como eu já sabia ler e escrever aos 06 anos, ela resolveu me matricular na escola; não riam, o nome da escola era Grupo Escolar Estado da Bahia.
Aguardava com ansiedade meu primeiro dia de aula, minha tia Fafá comprou um vestido lindo, como ha muito tempo eu não tinha, acordei de manhã cedo, minha tia me arrumou, me deu um caderno novo, colocou tudo em uma escacela rosa e mandou a irmã do seu marido me levar para a escola, Ilma tinha seus 15 anos e era muito afoita, estava apressada em me deixar na escola pois tinha alguma coisa pra fazer e eu estava atrapalhando, então ela resolveu me levar por outro caminho.
Havia um açude no portinho e se atravessasse por cima de uma mureta chegaríamos mais rápido na escola, então fomos por lá, no caminho paramos para cutucar uns muçuns (peixes com formato de cobra muito comum na cidade) que passavam bem pertinho da gente, Ilma se distraiu e eu me desequilibrei...caí na água e ela não me viu, subí uma vez, tentei gritar mas não conseguí, afundei de novo, eu olhava debaixo dagua, estava desesperada, não conseguia respirar, achei que ia perder a consciencia quando sentí alguém me puxar pelos cabelos e eu sentí o ar entrar nos meu pulmões de novo. Ilma me puxara para a mureta.
Eu tossia e tentava respirar mas era dificil e ela me xingava, dizendo que eu era lerda, que a culpa era minha, que minha tia ia brigar com ela, eu chorava porque meu caderno enxarcou na água, meu vestido novo estava só lama, minha maria chiquinha desmanchou todo, e ela ainda estava zangada comigo, ela me pegou pela mão e praticamente de arrastou pela mureta.
Então me levou na casa de outra tia que ficava alí perto, essa tia me deu outro banho e me colocou um vestido maior que eu e bem usado, chorei de novo, por causa da roupa, era pequena e não entendia a preocupação de minha tia, eu quase morrí naquele dia, depois percebí que tinha medo de lugares fechados, nunca mais brinquei de me esconder em armários, entrar no mar além dos pés? só depois que crescí, e olhe lá.
As pessoas imaginam porque temos fobias, elas não aparecem do nada, há sempre um gatilho, apesar de eu não ter entendido o que eu tinha, naquele dia nasceu a minha hidrofobia, eu entro numa piscina só na parte das crianças, no mar só fico na parte das espumas... e quer ver eu me zangar é dizer que vai me arrastar pro lado mais fundo.
ah, eu quase ia esquecendo, meu primeiro dia de aula foi ótimo, a professora me deu um caderno novinho e por ser a mais nova da turma os coleguinhas foram legais, mas o que não foi nada legal foi a bronca que Ilma tomou da minha tia fafá, ela depois comprou outro vestido pra mim...
Eu fiquei lá com a minha tia até mamãe voltar...foi um tempo que lembro com carinho...fora o afogamento claro, pena que essa minha tia se foi cedo, eu tinha 15 anos quando ela faleceu...mas eu nunca a esquecí, ela tinha o mesmo cheiro da minha mãe, acho que era o amor que ela me dava, se não fosse ela talvez meu sofrimento pela distancia da mãe teria sido maior. gosto muito das tias mas esta era a minha preferida...Minha Tia Fafá.

domingo, 26 de dezembro de 2010

"Eu corrí, corrí, mas o táxi era mais rápido..."

 Este fato aconteceu pouco depois do meu pai ter nos deixado, acho que tinha uns 05 anos, morávamos na cohab.
As coisas não foram fáceis para a minha mãe quando meu pai foi embora, porque ela quando casou deixou de trabalhar fora para ajuda-lo no comercio dele, então depois de quase 18 anos sem carteira assinada, voltar para o mercado de trabalho nos anos 70, era algo muito complicado.
Primeiro ela começou a vender suas jóias, tudo o que havia sobrado do seu conturbado casamento com meu pai, quando não havia mais jóias ela começou a vender suas louças, eram peças de qualidade, mas de nada servia se não tínhamos o que comer, depois das louças e prataria, ela começou a vender os móveis, me lembro muito bem de uma "petisqueira", era um móvel lindo, com portas de vidro todo trabalhado, madeira talhada manualmente, onde ela guardava suas louças, suas taças ficavam penduradas, era algo que não se vê hoje em dia, e assim tudo de dentro de casa foi saindo, a casa foi ficando vazia, e consequentemente maior, a vantagem para mim, eu pensava, era que podia correr à vontade que ninguém mais brigaria, não tinha o que quebrar dentro de casa. 
Mas chegou o dia em que não havia mais nada a vender dentro da nossa casa, e meu pai se recusava a dar pensão alimentícia para nós, quando ele se foi disse que," quem quisesse comer teria que ir morar com ele", mas éramos pequenos e amávamos muito a nossa mãe para abandoná-la e nessa época a sociedade era ultra-machista, o homem podia fazer o que quisesse que a justiça ainda dava razão pra ele, aquela famosa frase "EM BRIGA DE MARIDO E MULHER, NINGUÉM METE A COLHER", com isso quem sofria éramos nós.
Então certo dia minha mãe fez o que muitos nordestinos fazem, foi tentar a sorte na cidade grande, ela tinha uma amiga que morava em São Paulo e a convidou para ir pra lá, ela iria na frente e depois mandaria nos buscar.
Naquela manhã acordei com minhas irmãs mais velhas choramingando, minha mãe arrumava as malas, eu não entendia muito o que estava acontecendo mas fiquei triste com o choro das meninas, a minha irmã caçula estava com meus avós, então eu era a menor, ouví quando minha mãe mandou meu irmão Dino chamar um taxi pra ela, eu achei que ia andar de carro e fiquei toda serelepe, andando de um lado para o outro, esperando o taxi, quando o taxi chegou minhas irmãs recomeçaram o choro, alguma coisa estava errada, então nós não íamos com ela?
as malas foram colocadas no porta malas e ela então começou a chorar e abraçar a todos abençoando, na minha vez, começei a chorar que queria ir junto, ela então me deu umas moedinha e me mandou comprar uma balinha, eu perguntei se ela ia me esperar ela disse que sim, eu corri para a quitanda e quando já estava voltando ví o taxi indo embora, começei a correr chorando atrás do taxi, quanto mais eu corria mais ele ficava distante de mim, eu chamava por ela, dizia _Mãe, me espera_ mas o táxi ia sumindo, descendo a avenida 14, sentí apenas quando alguém me carregou, não lembro qual dos meus irmãos, eu chorava copiosamente, pois ela havia dito que iria me esperar, eu não queria mais a bala, eu queria minha mãe.
Fui levada pra casa mas nada me consolava, dias depois meu avô querido, foi me buscar para ficar na casa de minha tia Fáfá, foi quem me encheu de carinho e mimos tentando compensar a falta que mamãe fazia.
Quando crescí prometí que quando tivesse meus filhos nunca enganaria a eles quando perguntassem onde eu iria, eu sempre responderia com a verdade, nunca diria que os levaria se não fosse possível levá-los.
Pois foi algo que ficou marcado, a visão daquele taxi indo embora com a minha mãe dentro. Achei que nunca mais fosse ve-la, e aquela sensação de que ela havia mentido pra mim me deixou muito triste; meses depois ela voltou, não tinha dado certo o que ela planejara em São Paulo.
Mas a volta dela já é outra história....depois conto pra voces.
bjs.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

"Bond, James Bond...Ele existe!"

Em 1990 eu morava em Porto Alegre-RS, alugava um quarto na casa de uma família, mas acabei fazendo amizade com o casal da casa ao lado, eram amáveis e tinha um cuidado todo especial por mim, acho que era porque estava longe da minha família e acabava ficando carente de colo.
Bom, eu sempre fui uma admiradora de uma farda, bem e lá no RS a Policia Militar é chamada de Brigada Militar, ora já não bastava os gauchos serem lindos de matar, então imagina eles fardados! uau! de tirar o fôlego.
Então, o que eu sabia era que esse meu amigo era da Brigada Militar, mas eu via ele sair todos os dias a paisano, nunca o vi fardado.
Então no escritório que eu trabalhava eu dizia que eu tinha conhecido o Bond, James Bond, porque ele só andava a paisano, e cada vez que o meu amigo me contava algo, tipo alguma ocorrencia que tinha atendido, eu chegava no escritório e contava as aventuras de Bond.
Sem entender porque ele só andava a paisano perguntei onde ele trabalhava e porque não usava farda, ele me falou sem muitas explicações que trabalhava no Palácio do Governo, e mudou de assunto, no dia seguinte cheguei no escritório e disse para as amigas que ele deveria ser espião, por isso ele devia andar a paisano.
Certa manhã pegando uma carona com ele como sempre fazia quando ele estava de serviço, comentei que o pessoal do escritório ia a uma pizzaria depois do expediente, então ele se convidou dizendo que a tempos não saía com a "Alemoa"(é como ele chama a esposa), eu concordei.
Durante todo o dia as meninas ficaram comentando que iriam conhecer o Bond, James Bond... 
À noite já na pizzaria, não demorou muito ele chegou com Alemoa, eu apresentei ele para os meus amigos assim._ Gente, este é James Bond, o meu amigo que é espião do governo._ o pessoal cumprimentou ele muito bem, mas eu sentí que ele ficou meio constrangido e a esposa ria sem jeito, tudo bem, a noite passou, na manhã seguinte ele mandou um dos filhos dele me chamar para almoçar com eles.
Já havíamos almoçado, estávamos na beira da piscina e ele me olhou e de repente e perguntou.
_Quem te disse que eu era espião do governo?
Eu começei a rir e expliquei que era só uma brincadeira que eu fazia, por causa dele não usar farda e ser da Brigada Militar, mas ele e a esposa dele me olhavam sérios, então ele pegou na minha mão e disse._Vem comigo_ fomos na direção do quarto dele, ele estava sério e eu começei a ficar preocupada,"o que será que eu fiz de errado?"
No quarto ele abriu o guarda roupas dele, dentro tinha um monte de fardas, de passeio, de gala, farda de todos os jeitos, ele me explicou que era Coronel da Brigada Militar e que trabalhava na Casa Civil do Palacio do Governo como Agente Secreto, ele fazia parte da segurança pessoal do Governador do Estado, por isso andava a paisano, quase morrí do coração! ele me mostrou sua credencial de agente secreto e os muitos diplomas, Atirador de Elite da Brigada, faixa preta em artes maciais e mais outras coisas que não lembro. eu me sentei na cama e fiquei olhando para os dois, a feição deles era séria.
_Me desculpem, eu não sabia, eu estava apenas brincando não imaginei que fosse verdade...
Eles cairam na gargalhada por causa da cara que fiz, ele me desculpou, mas daí pra frente não poderia mais comentar as ocorrencias que ele viesse a comentar em casa.
Nesse mesmo ano por causa do plano Collor fui demitida e sem emprego fui morar com esse casal de amigos, até voltar pra São Luis.
Já se passaram 20 anos desde que voltei pra cá, mas nunca esquecí esses amigos que amo tanto e que muito me ajudaram quando eu precisei, nunca esquecí também seus filhos que eu várias vezes cuidei como "baby sitter" para que eles pudessem sair, hoje são adultos e já me deram até netinhos, amo todos, que Deus os Abençoe.
E essa é a História de Bond, James Bond gaúcho...
Bjs.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Salva por um Tabu..."

Quando somos adolescentes, sempre temos aquelas amigas com quem a gente mais se identifica, com quem mais converssamos, mais andamos, mais tudo.
E não fugindo à regra, eu também tinha; na 7ª série eu fazia o ginásio no CEMA da cohab, hoje é o colégio São Luis, tinha 13 anos e tinha duas amigas que aqui vou chamar carinhosamente de Naná (16 anos) e Maria(15 anos).
Nós morávamos no Cohatrac I, e como éramos pobres, tínhamos que andar de lá até a escola, e nessa época o Cohatrac era isolado, a avenida era só mato, onibus só pra quem podia, e por causa do perigo de andar só em uma avenida deserta, nós íamos e voltávamos juntas da escola.
Estudávamos a tarde, bem nesse dia quando chegamos na escola que eu descobrí que as duas estavam aprontando, elas não iam entrar, estavam esperando o namorado de Naná, pois haviam combinado de irem nadar no rio da maioba, me convidaram, mas além de eu ser medrosa, estava menstruada e nessa época era tabu falar essa palavra, os homens não poderiam saber quando estávamos menstruadas, e além do mais, elas foram de biquini por baixo da farda, eu não.
Bom, deixei elas lá na porta e entrei, qd cheguei na sala, não demorou muito a diretora foi dispensar porque a orientadora havia faltado.
Quando saí elas ainda estavam na porta, e ficou naquele puxa e repuxa._vamos, vamos._ eu acabei cedendo, na verdade iria só pra passear, não poderia entrar no rio por causa da minha condição.
Lá vem o namorado de Naná mais um amigo que trazia uma bicicleta.
fomos andando, converssando, era longe de onde estávamos para lá, passamos pelo CSU da cohab, pelo cohatrac, andamos por uma estrada de barro vermelho, chegamos lá quase uma hora depois,
Enfim o famoso rio da maioba, as meninas não se fizeram de rogadas e logo tiraram a roupa e de biquini se jogaram na água, eu sentei na beira do rio e fiquei só molhando os pés. Os dois rapazes me olharam e perguntaram porque eu não entrava, eu respondi que estava menstruada, eles se olharam, só depois fui entender o significado daquele olhar.
Não demorou muito as meninas saíram da água, Maria pediu a bicicleta pra dar uma volta e Naná sumiu da nossa vista com o namorado, o outro rapaz se sentou do meu lado e perguntou se era verdade que eu estava mesmo menstruada, eu disse que sim, ficamos lá falando bobagens, Maria chegou com a bicicleta, ele me ofereceu mas eu recusei, então ele pegou a bicicleta e foi andar, fiquei eu e Maria lá converssando quando ouvimos a voz de Naná, estava chorando e chamando por Maria, nos levantamos apressadas mas não dava pra saber de onde vinha o chôro de Naná, começamos a correr por entre o mato, Maria e eu chamávamos por ela e ela por nós, alguns minutos depois achamos ela, estava sentada no chão chorando, a blusa estava rasgada.
abraçamos ela, ela contou que o tal namorado queria transar mas ela não aceitou, então ele tentou forçar a barra e rasgou a blusa dela, foi quando ela começou a chamar por nós, ele deu um empurrão nela e fugiu.
O plano deles era o seguinte, era um pra cada uma, ele pra Naná e o amigo pra Maria, e quando eles chegaram lá e me encontraram combinaram que, na hora que uma pedisse a bicicleta pra andar a outra seria a presa, só que Maria pediu a bicicleta e eu estava menstruada, lembra da estória do tabu? pois é, nessa época homem não transava com mulher menstruada... sorte a minha.
Só que eles fugiram e nós ficamos perdidas na mata, começamos a procurar a saída e com dificuldades achamos a estrada de barro, mas não sabíamos pra que lado seguir, começamos a seguir um pneu de bicicleta torcendo pra ser a do nojentão, andamos, andamos, e nada, era só mato, mato, a volta ficou tão longa, e a gente distraída não gravou o caminho na hora que viemos.
O sol já estava esfriando quando encontramos um casal numa bicicleta, perguntamos como fazíamos pra ir pro Cohatrac, eles nos ensinaram, enfim chegamos no Cohatrac mas estávamos no acampamento dos peões que estavam construindo o Cohatrac II e pra complicar eles estavam largando serviço e tomavam banho no poço da obra, nos escondemos e esperamos, mas cada vez chegava mais peão, então resolvemos passar correndo, era o unico caminho pra casa, eles nos viram e foi aquela barulheira, chegamos do outro lado e lá estava o nosso Cohatrac, Naná estava vestida com uma blusa de maria q ela sempre vestia por baixo do blusão. Foi cada uma pra sua casa, a minha mãe estava pro serviço mas minha irmã mais velha estava em casa e quando me olhou disse logo_ voce foi à praia!_ eu contei que não tinha tido aula e que tinha ida ao rio, só.
À noite as meninas foram lá em casa, ficamos sentadas na porta sem dizer nada, então começamos a chorar abraçadas, a ficha tinha caído, percebemos o grande perigo que passamos, éramos apenas 03 adolescentes como outras que acham que são donas da situação, que sempre acham que podem se proteger, que nada de mal vai acontecer com a gente, mas na verdade éramos apenas 03 tolas e por pouco não aconteceu uma tragédia conosco.
Por essa por outras que digo que Deus tem um propósito pra gente desde que nascemos, e por vontade de Deus nos saímos daquela situação perigosa apenas com feridas no psicológico.
No dia seguinte no colégio ouvimos os comentários do tal banho de rio, que os carinhas mesmo contaram, eles estudavam no turno da manhã, mas nunca ninguém soube que tinha sido a gente, porque nunca rolou nome de ninguém.
No ano seguinte elas mudaram de escola e eu nunca mais as ví.
Espero que tenham amadurecido tanto quanto eu com aquela experiencia.
Nunca me esquecí que fui salva de ser abusada por conta de um "Tabu" então percebí que Tabu não pode ser de todo mal, já que serve pra salvar também...rsrsrs
Mas meu recado principal é para as adolescentes que acham que sabem tudo; não sabemos queridas e mesmo depois de adultas ainda nos metemos em encrecas, portanto cuidado com as fugidas da escola seja lá para o que for...
bjs


 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Você lembra do jarrão do Q-Suco?

E quem não se lembra do Jarrão, né?
Eu tinha 08 anos, nessa época ainda não tinha esse tal de Mercado livre, MERCOSUL, essas coisas que fizeram o comércio expandirem e a competitividade fez os preços baixarem.
Bem nessa minha época, o Q-suco era como um “Tang” de hoje em dia, só o encontrávamos nas mesas das pessoas de classe A, B ou similares, bem gente, e a minha família estava inclusa nas classes X, ou Z, e euzinha só via o Q-Suco nas propagandas de televisão, e televisão do vizinho, diga-se de passagem.
Nós morávamos na casinha de barro lá da rua militar, aquela mesma da história do burro, minha mãe tinha ido trabalhar e como a maioria das manhãs, não tínhamos nada pro desjejum, nem café, nem pão, as vezes tinha chá de capim limão, que nascia no fundo do quintal, com farinha d’água, isso quando tinha farinha; mas nesse dia não tinha nada, eu e minha irmã Dédéo brincávamos na porta de casa, já eram quase 11:00hs da manhã, quando uma vizinha chamou a gente por cima do muro de sua casa, casa essa que pra mim era de rico, eles tinham até carro...(rsrsrs), bem, ela nos chamou e perguntou._vocês já tomaram café?_ e nós duas em coro respondemos que “NÃO”, ela entrou por uns minutos, nossos olhinhos se alegraram, pois quando ela perguntava se já havíamos comido, ela sempre trazia alguma coisa pra gente comer, as vezes eram pães dormido, ou um prato de comida, que certamente não fora feito antes do prato dos seus filhos, mas não importava,  era comida e nós estávamos com fome.
Dito e certo, ela voltou com uma caneca grande, cheia de Q-SUCO, e outra com farinha, corremos para a nossa casa e dividimos o Q-suco em dois copos; meu Deus! Finalmente íamos provar do famoso Q-SUCO da televisão! colocamos farinha e começamos a comer....       _Arrgh! Tá só sabão!_ não sei explicar se era a caneca do Q-suco, ou se foram os nossos copos, mas o que antes parecia um delicioso desjejum se transformou em uma necessidade satisfeita, pois apesar de estar com o gosto horrível de sabão, comemos assim mesmo, éramos apenas duas crianças, de 06 e 08 anos, com muita fome e não seria um mísero gosto de sabão intrometido que iria atrapalhar esse momento. 
Nunca me esqueci desse episódio, quis tanto provar desse famoso Q-suco, e no dia que conseguí, estava estragado, até hoje não sei se a vizinha nos deu exatamente porque estava estragado, ou se ela realmente queria fazer uma boa ação.
Hoje quando minhas filhas fazem cara feia pro nosso TANG, eu conto essa história, e ainda acrescento, que se eu as encontrasse na rua quando eu era criança, pra mim elas seriam ricas, que nem a minha vizinha “bondosa”. 
Eu sobrevivi à pobreza, e nem eu, nem meus 08 irmãos enveredamos para o mundo do crime ou prostituição, pelo o que eu vivi, digo que a pobreza não é justificativa para se dizer que “roubei porque tava com fome”, principalmente hoje em dia que as oportunidades são inúmeras, não usufrui quem realmente não quer.
bjs.

domingo, 19 de dezembro de 2010

" Ah! Que saudades! "



Esta época do ano reaviva em nós muitos sentimentos, 
O Espírito de Natal, o espírito da solidariedade, 
o desejo compulsivo de fazer compras, 
Arrumar os cabelos, planejar as festas,
Mas há algo que me invade nessa época que não sei explicar,
É uma saudade, e nem sei bem de que,
Talvez de amigos que se perderam no tempo,
Da escola, dos professores, dos bairros por onde morei,
da minha infancia....essa saudade não sei explicar,
porque minha infancia foi tão humilde,
meu natal então...literalmente falando, pobre!
sem brinquedos, sem comida, sem roupas novas,
nossa arvore de natal tinha muitos tijolos enrolados
em papéis de presentes, as vezes eu passava horas olhando para ela,
desejando que aqueles tijolos se transformassem em presentes de verdade
e que um deles fosse o meu,
eu assistia aqueles filmes de natal que passava na sessão da tarde,
e desejava ardentemente que um desses milagres acontecesse comigo.
eu esperava dar meia noite acordada, olhando para a arvore,
mas minha mãe só me abençoava e dizia _vai dormir, filha.
eu ia me deitar mas ainda tinha esperanças que o "papai noel" viesse de madrugada,
é, talvez ele estivesse muito sobrecarregado e o meu presente se atrasaria,
mas o presente não veio, no ano seguinte também, e no outro, e no outro...
Só então aprendí como era mentirosa aquela música de natal
"mas como é que o bom velhinho, não se esqueçe de ninguém, 
seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem, branquinhos, pretinhos 
e amarelinhos, são todos filhinhos, são todos irmãos"
e aos 10 anos eu já odiava esse tal de papai noel,
mas o natal era singelo pra mim, não sei explicar,
e acabei desassociando natal de papai noel.
Natal se tornou para mim uma data de rever parentes e amigos,
confraternizar com as pessoas que convivemos ao longo do ano,
Quando me tornei evangélica foi que ví que,
essa sensação que sentia, é o Espírito, não o de Natal mas o de Deus,
me dando esperança e conforto para as tribulaçoes do próximo ano.
e me relembrando que Jesus nasceu e Ele não faz acepção de pessoas...
pra Ele, branquinhos, pretinhos e amarelinhos são todos seus filhos,
se assim o quiserem, se o aceitarem...
Feliz Natal!!!!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"19 Minutos... Que eternidade!"


Isso aconteceu ontem... Quando lembro sinto meu corpo doer, por causa do turbilhão de emoçoes que sentí...
Eu estava em casa com minha filha mais velha, eram exatos 17:49hs qd alguém ligou da escola da minha filha caçula, Dinha- de 09 anos, perguntando se alguém tinha ido buscá-la, porque a moçinha que todos os dias ia buscá-la estava lá e a criança não, meu coração disparou, a pessoa desligou e eu liguei para a escola para entender o q estava acontecendo, falei com alguém da diretoria, a minha filha não estava na escola, ninguém sabia onde ela estava, liguei para a professora, e ela confirmou que qd saiu da escola a menina estava lá esperando a moçinha, liguei de novo para a escola e pedi que procurassem no banheiro, na quadra de esporte, e novamente a secretária disse que já haviam procurado em todos os lugares; minha filha não saíria sozinha, começei logo a chorar, mandei minha filha mais velha correr pra lá, meu corpo tremia de medo, rogava a Deus que nada de mal tivesse acontecido à minha criança, o que mais me doía era não poder ir até lá( sofrí um acidente ha 03 meses e ainda não estou andando), comecei a fazer ligações, aos prantos liguei para a minha amiga, que aqui chamarei carinhosamente de Help, ela saiu do serviço e estava vindo de carro me buscar, liguei para minha irmã Dédéo e ela também já estava indo para a escola da minha filha, estava sozinha em casa aos prantos e rogando a Deus que a protegesse, onde quer que ela estivesse, bateram na porta e eram as amiguinhas dela, Katy e Vick, perguntando por ela, viram meu desespero e entraram, logo já tinha comigo umas duas vizinhas, eu não conseguia me controlar, só de pensar que poderia estar acontecendo alguma coisa com meu bêbê e eu não estava lá para protege-la, é a pior sensação que uma mãe pode sentir; Impotencia diante do perigo imposto aos filhos, uma eternidade depois o telefone toca, minha irmã dizendo _ Jéh, já está com ela! te acalma! ela não consegue ligar pro teu celular._ e as meninas que estavam na porta gritaram _Lá vem ela, tia!_ Agora eu chorava de alívio, e não conseguí levantar do sofá, enfim ela chegou, eu a abraçei e chorei mais algum tempo agradecendo a Deus por ela estar bem, e mais uma vez Meu Pai amado, Te agradeço pela segurança dela,Obrigada.
O QUE ACONTECEU:
A moçinha ao deixá-la na escola disse para ela voltar com a amiguinha e o pai, que ela a aguardaria na parada de casa, só que nesse dia a amiguinha não foi, então minha filha ficou em duvida se ia ou não sozinha, como a moçinha não chegou para pega-la ela resolveu ir, em contra-partida, a moçinha que esperava na parada, por causa da demora dela, resolveu ir à escola buscá-la, se desencontraram, qd minha filha mais velha correu para ir até a escola, ao chegar na parada lá estava ela, do outro lado da avenida esperando alguém para atravessá-la.
Às 18:08hs, tudo tinha terminado, foram exatos 19 minutos, da hora do primeiro telefonema até o telefonema da minha irmã me tranquilizando, mas foram os mais longos da minha vida...
Como mãe, sempre me emocionei com os casos das crianças desaparecidas que os jornais anunciam, me entristeço quando os corpos aparecem, qd nunca são encontrados é desesperador, e me alegro quando elas aparecem, mas nunca havia experimentado tão terrível situação, não dá pra explicar o que sentimos, só de pensar no que pode estar acontecendo à sua criança, ela sozinha, te chamando, ou chorando, com medo, apavorada, tão pequena e tão frágil, é só uma criança...
Posso dizer que agora "imagino" o que deve sentir as mães que têem seus filhinhos arrancados de seus braços, só posso dizer imagino, porque 19 minutos não é nada perto de dias, ou anos, sem saber o que realmente aconteceu às suas crianças, deixo aqui minha oração por essas mães.
"Senhor Meu Deus, proteja todas as crianças que passarem por uma situação assim, Senhor, sê com as mães, conforte-lhe os corações e lhe dê forças para nunca desistirem, Amém!"

sábado, 11 de dezembro de 2010

"Eu, a pipa e o Burro"


  Quando eu tinha 08 anos, morávamos em uma casinha de barro na rua militar no Bairro do Anil, lá ainda era só mato, minha mãe trabalhava em uma Maternidade próxima, e quando a minha irmã Nini estava para a escola, quem tinha de cuidar de mim eram os meus irmãos Dino e Divino, mas como todo garoto normal, amavam jogar bola, empinar papagaio (pipa), então o jeito era me levar junto.

Aqui no Maranhão, chamamos as pipas menores de papagaio e como na natureza tem uma espécie de papagaio que é bem pequeno que se chama "curica", então a gente fazia em casa uma pipa bem pequena, de folha de caderno mesmo, e a essa pipa chamávamos de "curica".
Bom, eu aprendi a fazer minhas curicas sozinha, eles me davam linha, para me manter quieta enquanto eles iam jogar bola, as empinava  na porta de casa e isso me mantinha longe de encrecas, ou quase...
É, mas nas imediações da nossa rua tinha um burro que quando não estava atrelado à carroça, o dono deixava solto, e ele era arisco, os meninos da rua sabiam e o atiçavam para que ele corresse atrás deles, áh, isso pra eles era diversão.
Uma tarde estava eu empinando uma das minhas curicas, ela estava alta, já estava no 2º tubo de linha, comigo estava minha irmã Didilha, que também empinava uma modesta curica com pouca linha, meus irmãos jogavam bola num campinho lá perto, o burro foi passando pelo campinho e como sempre os meninos o atiçaram, e adivinhem, ele resolveu descer a rua correndo e na minha direção, os meninos começaram a gritar _sai da frente!burro bravo!_ Didilha soltou a curica dela e correu pra casa, e eu começei a enrolar a linha, não queria perder a minha curica, e ignorei os gritos dos meninos, só larguei a linha quando Dino passou por mim correndo _Corre!corre!corre!_  e me deu um puxão no braço, eu começei a correr mas o burro estava bem perto de mim, já podia até sentir o bafo dele na minha nuca, quanto mais eu corria mais ele me alcançava, a rua era de descida, foi então que ví Dino vindo na minha direção com uma vassoura e gritando _Dá a volta no poste!_ eu olhei um poste bem na frente e não pensei duas vezes, segurei o poste e dei a volta e dino enxotou o burro com a vassoura.
Estava tão assustada, que só depois percebí que na hora de segurar o poste arranhei meu braço no concreto e meu braço estava sangrando, minha irmã Nini quase teve um treco quando viu, foi me dar banho e chorava junto comigo porque ardia demais.
Nesse dia fui dormir mais cedo, pra que minha mãe não visse, mas no outro dia ela viu, pois doía muito e não conseguia mexer o braço, e a bronca foi para os meninos, mas assim que o braço ficou bom, voltei a empinar minhas curicas....e o burro? sumiu, acho que morreu, pois não vimos mais ele, ainda bem. Até hoje quando olho um burro solto me dá medo e sempre passo por longe...Melhor prevenir, né?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Olha o padeiro!"

Outro dia na hora do café da manhã me lembrei de uma história,
Eu devia ter uns 06 anos, morávamos com uma tia no bairro da Cohab e meu irmão Dino que tinha uns 13 anos, era responsável por acordar cedo e quando o padeiro passasse, comprar 10 pães, nessa época os padeiros passavam em nossa porta de bicicleta gritando _ Olha o padeiro!_ e que eu me lembre além de nós 08 irmãos ainda tinha mais 02 primos, uma tia e sei mais lá quem, só sei que era muita gente, mas o dinheiro só dava pra comprar 10 pães,então na hora de dividir, alguém ficava com os "filhos injeitados", que era como a gente chamava as pontas dos pães que formavam outro pão.


 
Bom nessa manhã meu irmão como sempre acordou cedo e ficou esperando o padeiro, e como sem demora lá vem ele gritando _Olha o padeiro!_ meu irmão saiu e foi comprar o de sempre, meu irmão levou a cesta e o padeiro começou a conferir os pães _01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 10 e um de quebra pra voce._ meu irmão não reparou que ele pulou um numero e mais que apressadamente comeu o tal pão de quebra que o padeiro havia "dado" pra ele.
Coitado, estava tão alegre por ter comido um pão inteiro, mas a minha tia na hora que foi fazer a divisão notou que faltava um pão e foi então que meu irmão percebeu o que tinha realmente acontecido, é mais aí não tinha mais jeito, foi pêia mesmo!
Ele jurou que um dia ia ter uma padaria e que ia comer todo pão que quisesse...
Não é que por um bom tempo ele foi dono de uma panificadora mesmo?
E meu irmão tinha coração mole, quando alguém ia pedir dinheiro pra ele, ele dava pão e autorizava a gente a dar pão todo dia pra essa pessoa.
Deus te abençoe meu irmão.

" Lá vem o trem!"


Eu acho que essa é a lembrança mais antiga que tenho, eu tinha uns 03 anos e tínhamos acabado de nos mudar pra uma casa na Camboa, mais precisamente na estrada da vitória, bem na beira do trilho do trem, nessa época meu pai ainda morava com a gente, ele era um comerciante bem abastado, todos o chamavam de "Seu Baiano", eu sempre me refiro a essa época de "quando eu era rica".
Bom, o Comércio do meu pai ficava na esquina da rua em que morávamos, e todos os dia quando ele ia para lá eu ouvia ele dizer pra minha mãe. _Cuidado com essas meninas na porta, olha o trem!_ éramos quatro meninas, Anita (Nini) a mais velha de 07 anos, Audira (Didilha) de 05 anos, eu de 03 anos (meu apelido voces vão saber depois), e Audélia (Dédéo) de 01 ano, era muito barulho pra uma só pessoa cuidar, com isso mamãe tinha sua fiel escudeira, Rosa, uma moçinha que ela criava desde pequena e que ajudava a cuidar da gente e nós carinhosamente chamamos de irmã.
Nesse dia meu pai fez como todos os outros dias, saiu e alertou a porta aberta, bom, as casas na Camboa eram bem apertadas e não tinham muito espaço pra brincar e resultava que nossa mãe deixava a gente brincar na porta e antes do trem passar ela recolhia a gente, só que nesse dia ela esqueceu, distraída com as atividades domésticas, e nós estávamos na porta quando a "maria fumaça" apitou, felizes porque finalmente íamos ver o trem passar de perto, corremos pra beira do trilho e ainda teve uma das minha irmãs que levou a Dédéo pelo braço, já que ela ainda não andava direito, mas ela não podia perder essa aventura.
_Lá vem o trem!_ A gente gritava, pulando de alegria, batendo palmas.
Só que um cliente entrou correndo no comércio do meu pai_Seu baiano! suas meninas estão na beira do trilho!
E a gente lá, pulando, e o trem apitando cada vez mais alto. Foi quando eu ví meu pai vindo correndo na nossa direção e gritando alguma coisa que não dava pra entender, mas ele gesticulava muito, era muito engraçado, nunca tinha visto meu pai correr tanto, e ao lado dele meus irmão mais velhos, Lobinho e Dino também vinham correndo, eu pensei _ poxa, todo mundo gosta do trem!
Estava tão feliz olhando para o trem que só sentí quando meu pai me puxou pelo braço me carregando pra longe do trilho, meu irmão Dino pegou a Dédéo no colo e Lobinho puxou as maiores pela roupa, sei lá foi muito rápido, e o trem começou a passar, eu estava extasiada com o trem, nunca tinha visto um de tão perto e depois da surra daquele dia só iria ver da janela...

"Sonhar não custa nada"

sempre achei que essa frase era muito clichê, "Sonhar não custa nada", mas convenhamos...ela é demasiadamente verdadeira, alguma vez você pagou pra sonhar? e eu aprendí do modo mais duro que ela era real, pois na minha infancia e adolescência, com a pobreza esmurrando a minha porta, era só o que me restava, SONHAR, SONHAR, SONHAR...
Então me tornei expert em sonhar, aliviava a fome, aliviava a frustração de não ter roupas novas, aliviava a tristeza de não ter brinquedos, aliviava a sensação de vazio...
Lembro que aos 13 anos de idade ia dormir mais cedo para ficar sonhando, na época era apaixonada por Fábio Jr. e a primeira versão da novela "Cabocla" estava no auge, sonhava que um dia ele viria a São Luis, e pasmem, ele ia ver Audineide no meio da multidão e enquanto cantava seus lindos olhões iriam encontrar os meus olhinhos e se apaixonaria perdidamente por mim e seríamos felizes para sempre.
É, esse sonho doeu, porque ele se casou com Glória Pires e eu passei dias sem sonhar só chorando, na época eu achava que casamento era pra sempre e que eu nunca mais teria uma chance com ele(risos), se eu pudesse imaginar que hoje em dia ele seria esse Don Juan, e olha que eu ainda tenho chances...(risos).
Bom, de lá pra cá foram muitos sonhos, lembranças que as vezes povoam a minha mente e me pego as vezes rindo, e as vezes triste por causa delas, pensei em escrever um livro, mas pra que? talvez nunca fosse publicado e um livro não publicado seria um livro não lido, então desistí, e ontem amavelmente minha doce filha me sugeriu criar um blog e me explicou que se devidamente anunciado, seria melhor que um livro, fiquei animada e aqui estou eu, essas lembranças não serão postadas em ordem cronológicas por serem lembranças, e voces sabem que as lembranças são aguçadas pelo olfato, pela visão, pelo tato, mas sempre darei uma noção de tempo para que voces saibam, onde e quando aconteceu.
Sejam bem vindos e divirtam-se ou emocionem-se com A VIAGEM AO MUNDO DOS SONHOS.