Quando somos adolescentes, sempre temos aquelas amigas com quem a gente mais se identifica, com quem mais converssamos, mais andamos, mais tudo.
E não fugindo à regra, eu também tinha; na 7ª série eu fazia o ginásio no CEMA da cohab, hoje é o colégio São Luis, tinha 13 anos e tinha duas amigas que aqui vou chamar carinhosamente de Naná (16 anos) e Maria(15 anos).
Nós morávamos no Cohatrac I, e como éramos pobres, tínhamos que andar de lá até a escola, e nessa época o Cohatrac era isolado, a avenida era só mato, onibus só pra quem podia, e por causa do perigo de andar só em uma avenida deserta, nós íamos e voltávamos juntas da escola.
Estudávamos a tarde, bem nesse dia quando chegamos na escola que eu descobrí que as duas estavam aprontando, elas não iam entrar, estavam esperando o namorado de Naná, pois haviam combinado de irem nadar no rio da maioba, me convidaram, mas além de eu ser medrosa, estava menstruada e nessa época era tabu falar essa palavra, os homens não poderiam saber quando estávamos menstruadas, e além do mais, elas foram de biquini por baixo da farda, eu não.
Bom, deixei elas lá na porta e entrei, qd cheguei na sala, não demorou muito a diretora foi dispensar porque a orientadora havia faltado.
Quando saí elas ainda estavam na porta, e ficou naquele puxa e repuxa._vamos, vamos._ eu acabei cedendo, na verdade iria só pra passear, não poderia entrar no rio por causa da minha condição.
Lá vem o namorado de Naná mais um amigo que trazia uma bicicleta.
fomos andando, converssando, era longe de onde estávamos para lá, passamos pelo CSU da cohab, pelo cohatrac, andamos por uma estrada de barro vermelho, chegamos lá quase uma hora depois,
Enfim o famoso rio da maioba, as meninas não se fizeram de rogadas e logo tiraram a roupa e de biquini se jogaram na água, eu sentei na beira do rio e fiquei só molhando os pés. Os dois rapazes me olharam e perguntaram porque eu não entrava, eu respondi que estava menstruada, eles se olharam, só depois fui entender o significado daquele olhar.
Não demorou muito as meninas saíram da água, Maria pediu a bicicleta pra dar uma volta e Naná sumiu da nossa vista com o namorado, o outro rapaz se sentou do meu lado e perguntou se era verdade que eu estava mesmo menstruada, eu disse que sim, ficamos lá falando bobagens, Maria chegou com a bicicleta, ele me ofereceu mas eu recusei, então ele pegou a bicicleta e foi andar, fiquei eu e Maria lá converssando quando ouvimos a voz de Naná, estava chorando e chamando por Maria, nos levantamos apressadas mas não dava pra saber de onde vinha o chôro de Naná, começamos a correr por entre o mato, Maria e eu chamávamos por ela e ela por nós, alguns minutos depois achamos ela, estava sentada no chão chorando, a blusa estava rasgada.
abraçamos ela, ela contou que o tal namorado queria transar mas ela não aceitou, então ele tentou forçar a barra e rasgou a blusa dela, foi quando ela começou a chamar por nós, ele deu um empurrão nela e fugiu.
O plano deles era o seguinte, era um pra cada uma, ele pra Naná e o amigo pra Maria, e quando eles chegaram lá e me encontraram combinaram que, na hora que uma pedisse a bicicleta pra andar a outra seria a presa, só que Maria pediu a bicicleta e eu estava menstruada, lembra da estória do tabu? pois é, nessa época homem não transava com mulher menstruada... sorte a minha.
Só que eles fugiram e nós ficamos perdidas na mata, começamos a procurar a saída e com dificuldades achamos a estrada de barro, mas não sabíamos pra que lado seguir, começamos a seguir um pneu de bicicleta torcendo pra ser a do nojentão, andamos, andamos, e nada, era só mato, mato, a volta ficou tão longa, e a gente distraída não gravou o caminho na hora que viemos.
O sol já estava esfriando quando encontramos um casal numa bicicleta, perguntamos como fazíamos pra ir pro Cohatrac, eles nos ensinaram, enfim chegamos no Cohatrac mas estávamos no acampamento dos peões que estavam construindo o Cohatrac II e pra complicar eles estavam largando serviço e tomavam banho no poço da obra, nos escondemos e esperamos, mas cada vez chegava mais peão, então resolvemos passar correndo, era o unico caminho pra casa, eles nos viram e foi aquela barulheira, chegamos do outro lado e lá estava o nosso Cohatrac, Naná estava vestida com uma blusa de maria q ela sempre vestia por baixo do blusão. Foi cada uma pra sua casa, a minha mãe estava pro serviço mas minha irmã mais velha estava em casa e quando me olhou disse logo_ voce foi à praia!_ eu contei que não tinha tido aula e que tinha ida ao rio, só.
À noite as meninas foram lá em casa, ficamos sentadas na porta sem dizer nada, então começamos a chorar abraçadas, a ficha tinha caído, percebemos o grande perigo que passamos, éramos apenas 03 adolescentes como outras que acham que são donas da situação, que sempre acham que podem se proteger, que nada de mal vai acontecer com a gente, mas na verdade éramos apenas 03 tolas e por pouco não aconteceu uma tragédia conosco.
Por essa por outras que digo que Deus tem um propósito pra gente desde que nascemos, e por vontade de Deus nos saímos daquela situação perigosa apenas com feridas no psicológico.
No dia seguinte no colégio ouvimos os comentários do tal banho de rio, que os carinhas mesmo contaram, eles estudavam no turno da manhã, mas nunca ninguém soube que tinha sido a gente, porque nunca rolou nome de ninguém.
No ano seguinte elas mudaram de escola e eu nunca mais as ví.
Espero que tenham amadurecido tanto quanto eu com aquela experiencia.
Nunca me esquecí que fui salva de ser abusada por conta de um "Tabu" então percebí que Tabu não pode ser de todo mal, já que serve pra salvar também...rsrsrs
Mas meu recado principal é para as adolescentes que acham que sabem tudo; não sabemos queridas e mesmo depois de adultas ainda nos metemos em encrecas, portanto cuidado com as fugidas da escola seja lá para o que for...
bjs
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